Neste 5 de novembro, Dia do Designer Gráfico, se celebra a criatividade do designer e sua capacidade de traduzir o espírito do tempo. As tendências visuais de 2025 vão além da estética: elas refletem uma busca constante pelo humano em um mundo saturado de estímulos digitais e tecnologias autônomas
Esse movimento de reumanização digital, como define Janiel Paraguai, professor do curso de Design Gráfico, impacta diretamente as paletas, tipografias e composições. Segundo ele, as tendências visuais expressam um desejo coletivo de restaurar a textura, a imperfeição e a emoção, contrapondo-se à impessoalidade polida das telas.
Segundo Janiel, esse retorno ao sensorial começou pelo que chama de “Novo Calor”: com a volta das cores terrosas e naturais. “Vermelhos alaranjados, âmbar e verdes-musgo dominam paletas porque as pessoas estão cansadas da tela fria e da vida sem textura. É um jeito de lembrar que ainda existe corpo e chão, e o design redescobre o valor do toque e da imperfeição como resposta à uniformidade digital,” comenta.
Com intensidade emocional semelhante, emerge o 'Cibernético Ácido'. Esta estética vibrante, definida por magenta elétrico, cyan e verde-limão, transforma o erro e o ruído digital em linguagem. “São cores que piscam como alertas e assumem o erro como estética. O glitch, a reprodução de um ruído visual como elemento de composição, virou linguagem. É o retrato do mundo online, acelerado, saturado, imperfeito, enquanto a tecnologia promete ordem, o design responde com ruído,” explica.
No meio desse contraste, a cor do ano, Mocha Mousse, é uma tentativa de denotar conforto. A escolha da Pantone por um marrom quente e elegante reflete a necessidade de equilíbrio. “Nem ousadia, nem minimalismo, é equilíbrio. Em um planeta em tensão, a escolha do tom reflete a busca por estabilidade visual e emocional, e o Design virou antídoto para o excesso de incerteza,” acrescenta.
Nas tipografias, a força da estrutura se impõe com o Brutalismo Digital, movimento que recupera letras pesadas, geométricas e sem enfeite. “Fontes pesadas, geométricas e sem enfeite, representam o oposto do design corporativo polido, onde as letras mostram o que são, sem disfarce, sem verniz, e o visual brutalista é um protesto gráfico contra a pasteurização do discurso visual das marcas,” acrescenta Janiel.
Ao mesmo tempo, as fontes deixam de ser fixas. Com a ajuda da inteligência artificial, surgem letras que se movem, derretem e se deformam, a chamada Tipografia Afetiva, como explica o Professor. “As letras agora se movem, derretem e se deformam. São criadas por inteligência artificial e expressam o imprevisível da própria tecnologia, não precisando ser legíveis, basta que provoquem. É quando o design abandona o controle total e assume o papel de observador do que a máquina cria,”
Janiel continua falando do Pós-Naturalismo, responsável por criar composições que parecem antigas, com grãos e cores desbotadas, mesmo quando são geradas por IA. “As imagens de 2025 parecem antigas, mas são geradas por IA. Grãos, cores desbotadas e imperfeições simuladas, e o real deixou de ser referência, pois o que importa é o que parece verdadeiro, uma vez que o público confia mais na lembrança que na imagem perfeita,”
O Maximalismo Sustentável também ganhou força em 2025, conforme conta o Docente. Segundo ele, é o retorno do excesso, mas com propósito, onde misturam-se padrões, objetos e colagens, sem medo de sobreposição. “O minimalismo perdeu o charme. Agora vale misturar tudo: padrões, objetos, colagens. Mas não de maneira bagunçada, e si, uma organização do caos, onde o excesso se tornou linguagem, porque o silêncio visual já não prende atenção,”
O Professor que ministra as disciplinas Tópicos em Design, fotografia e composição e Design em mídias sociais, acrescenta também sobre o Minimalismo Audacioso, como estratégico e quase tático, com menos elementos e mais impacto. “A estética limpa não desapareceu, apenas ficou estratégica, servindo para destacar mensagens em meio ao ruído, simbolizando o silêncio que chama a atenção num mundo que não para de gritar,”.
Janiel fala ainda sobre o Anti-Design, que traz layouts assimétricos e tipografias dinâmicas, refletindo o comportamento de quem vive deslizando a tela, em fluxo contínuo de movimento e distração. “As fontes ganham vida, os layouts perdem simetria. O “erro” virou estilo, e nada mais é estático, nem o texto, e a dinâmica visual reflete o comportamento de quem vive deslizando a tela,” comenta.
E para finalizar, o Professor fala que por trás de todas essas tendências, um mesmo fio condutor se revela: a reumanização digital. Depois de uma década dominada pela estética da eficiência, o design parece redescobrir seu papel expressivo, mais próximo da emoção do que da função. “Por trás de todas as tendências há uma tentativa clara de reconectar o olhar ao humano. O design, cansado de ser ferramenta de venda, tenta voltar a ser expressão, e a mensagem é simples, a tecnologia pode continuar crescendo, desde que a gente não desapareça dentro dela,” finaliza.
Equipe Ascom UniRV
Jornalista Vanderli Silvestre - CRP 4126/GO
Arte: Vinicius Macedo