Um estudo sobre o consumo de herbicidas no Brasil, realizado pela Embrapa Meio Ambiente (SP), em parceria com a Universidade de Rio Verde e publicado na Revista Agriculture, ganhou destaque em vários veículos de comunicação nacional. Segundo o estudo, o uso de herbicidas no Brasil cresceu 128% entre 2010 e 2020, expondo um fenômeno silencioso, mas de grandes proporções: a resistência crescente das plantas daninhas ao glifosato, principal molécula utilizada nas lavouras brasileiras, e a falta de alternativas sustentáveis, forçando assim, mudanças no manejo agrícola.
Os dados publicados foram divulgados no site da Embrapa e ganharam espaço também nos principais portais de notícias do agronegócio, como o Globo Rural, o Agro2, o Agrofy News, Agro Estadão e a Revista Cultivar. O estudo coletou dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), promovendo ajustes para adequação às normativas internacionais.,
A equipe de pesquisadores, que contou com a participação do Professor do Mestrado em Produção Vegetal da UniRV, Dr. Guilherme Braga Pereira Braz comparou os dados de venda de herbicidas com a expansão da área agrícola, da área plantada com soja e das pastagens não degradadas, utilizando levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG). O resultado confirmou que o herbicida se consolidou como o principal defensivo agrícola na agricultura nacional, superando, com folga, fungicidas e inseticidas.
O pesquisador da UniRV e coautor do estudo, comentou o paradoxo da tecnologia transgênica. “A introdução de cultivares RR (resistentes ao glifosato) foi um marco da agricultura moderna, mas o uso contínuo do mesmo herbicida intensificou a seleção de plantas daninhas resistentes. Diversos estudos confirmam que o uso prolongado e repetitivo de uma única molécula é o principal fator de pressão seletiva. Além disso, o cenário rural passou por mudanças sociais importantes. O êxodo da mão de obra do campo e a urbanização acelerada reduziram a disponibilidade de trabalhadores para a capina manual, favorecendo a mecanização e o uso de insumos químicos de aplicação simples e rápida,”
Ainda de acordo com o estudo, os dados coletados em 2020 mostraram que os herbicidas responderam por cerca de 59% de todo o mercado nacional de defensivos agrícolas. A pesquisa alerta que essa dependência pode comprometer a sustentabilidade da produção no médio e longo prazo. A saída, segundo os autores, passa por várias frentes, como ampliar o investimento em pesquisa e desenvolvimento de bioherbicidas; investir em métodos físicos de controle de plantas daninhas; desenvolver nanoformulações com liberação controlada de herbicidas, que reduzam as doses; implementar políticas públicas para aquisição de pulverizadores com sensores de presença de plantas daninhas; capacitar técnicos e produtores para o manejo integrado, com uso racional de herbicidas, e adotar políticas de certificação e premiação a agricultores que utilizam defensivos de forma responsável.
Equipe Ascom UniRV
Jornalista: Vanderli Silvestre - CRP 4126/GO
Arte: Vinicius Guimarães